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Custeio ABC… um sistema complexo, com custo x benefício desfavorável.

Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades teve impulso no Brasil na década de 90.

Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades teve impulso no Brasil na década de 90. Logo passou a ser difundido como uma revolução, na área de Custos, sendo apontado como uma verdadeira panacéia para solucionar problemas de distorções que, num primeiro julgamento, os Sistemas Tradicionais de  Custos estariam sujeitos, quando da apuração dos custos unitários de produtos, mercadorias e serviços.

 

Considerando o caráter revolucionário atribuído ao ABC, pelas inovações propostas, aliado ao fato de ter surgido no Brasil fortemente apadrinhado por interesses econômicos e o  aval de grandes empresas  multinacionais de consultoria, naquela época, houve uma acentuada demanda por conhecimento e informações, visando a implantação do ABC, notadamente, por empresas de grandes portes.

Porém, com o passar dos anos, já conscientizadas da complexidade para implantação do ABC devido ao extenso volume de  informações necessárias e  o alto ônus financeiro decorrente de sua implantação,  manutenção e revisões periódicas, muitas empresas que o haviam implantado ou que pensavam nisso, para o futuro, desistiram desse intento…

Uma excelente estatística realizada junto às 500 maiores empresas brasileiras e apresentada no 11º. Congresso Brasileiro de Custos em Porto Seguro, Bahia, jul/2004, pelo IEPG – Instituto de Engenharia, Produção e  Gestão da UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá, MG – vide, na íntegra, no seguinte  endereço:www.iepg.unifei.edu.br/edson/download/ArtsurveyABCHenrMayaraCBC04.pdf - constatou que, um número significativo de empresas não mais se interessava pela implantação e utilização do ABC, pelos seguintes  motivos principais:

1.    Grande investimento para adequar os processos de coletas de dados e do sistema informatizado;
2.    Desenvolvimento de treinamento do pessoal envolvido;
3.    Custo-benefício desfavorável;
4.    Alta complexidade de gerenciamento dos dados nas respectivas origens;
5.    Decisão de abandoná-lo;
6.    Atual sistema de custeio atendendo as necessidades de maneira suficiente;
7.    Carência de recursos profissionais adequados para implantar e operacionalizar os procedimentos do ABC.

No item 8 – “Conclusões” – da citada pesquisa, os autores referem: “…a maioria das empresas utiliza o Custeio ABC integrado a outros sistemas contábeis ou a outros sistemas da empresa…”

Considerando as conclusões, supra referidas, chega-se à suposição de que, muitas empresas, num primeiro momento elegeram o ABC como um sistema de custeio único, de forma isolada, mas que, hoje, estão utilizando apenas parcelas de seu ferramental como elementos coadjuvantes dos Sistemas Tradicionais.

É importante ressaltar, antes de outras considerações, que a partir do surgimento do Sistema de Custeio ABC, os Sistemas Tradicionais passaram a ser duramente criticados como sendo sistemas obsoletos, cujas funções estariam ultrapassadas, considerando-se a velocidade de transformação e evolução dos processos industriais, das novas exigências mercadológicas e dos efeitos de uma economia globalizada…

A Contabilidade de Custos, com o surgimento do ABC, passou a reconhecer quatro principais sistemas de custos, ou sejam:

.  Sistema de Custeio por Absorção:
Também conhecido como Global, Pleno e Integral que considera todos os custos e despesas, fixos e variáveis, na apuração dos custos unitários.
Este tipo  de  sistema apropria  os  Custos Operacionais Indiretos, fixos e  variáveis, dos centros  de custos de produção, aos produtos, mercadorias e serviços mediante uso do MLC – Mapa de Localização de Custos;

. Sistema de Custeio Variável ou Direto:
Considera somente os custos diretos e demais custos variáveis, na apuração dos custos unitários.
Este tipo de  sistema apropria os Custos Operacionais Indiretos, variáveis, dos centros de custos  de produção, aos produtos, mercadorias  e  serviços mediante uso do  MLC – Mapa de Localização  de Custos;

. Sistema de Custeio Padrão ou Standard:
Os principais objetivos desse sistema são, a apuração e análise das variações ocorridas, entre os  padrões  de  custos unitários, pré-estabelecidos, e  sua posterior efetivação real em nível  de  produtos, mercadorias e serviços. Seu objetivo se concentra, portanto, no confronte “previsto x realizado”.
Este tipo de  sistema se  abastece, praticamente, das  informações obtidas a  partir dos  Sistemas  de  Custeio por Absorção e Custeio Variável, acima mencionados, e do Custeio ABC, quando for o  caso.

. Sistema de Custeio ABC:
Este sistema teve  sua  concepção fundamentada através  dos  Sistemas  de  Custeio por Absorção  e  Custeio Variável. Seu diferencial, em relação aqueles sistemas, está na forma como os Custos  Operacionais Indiretos de  Produção, fixos  e / ou variáveis, são agregados aos  produtos, mercadorias e serviços.
Nos  chamados  Sistemas Tradicionais  os  custos  indiretos  são  apropriados, aos  itens, através  do   MLC – Mapa de Localização de Custos, a partir dos centros de custos, mediante rateios e pela utilização de unidades operacionais ou direcionadores, tais como: h, kg, pç, m, l, etc., enquanto que,  no Custeio  ABC , os  custos unitários  são primeiro identificados com  as  atividades operacionais  dos centros de custos e, posteriormente, agregados aos  produtos, mercadorias e serviços, através destas
atividades e seus direcionadores.
O Sistema ABC, da mesma forma que os Sistemas Tradicionais, se utiliza de rateios quando não  e-
xistir a possibilidade de se identificar, nos centros de custos, uma atividade que possa se adequar  aos produtos, mercadorias e serviços.
Cumpre esclarecer, portanto, que nem sempre será possível evitar a  utilização de critérios de  rateio quando da utilização do Sistema ABC.
A Filosofia do  Sistema de Custeio ABC tem por definição que, a  agregação dos  Custos Operacionais, deve se efetivar mediante critérios que evitem, ao máximo, a necessidade de  utilização de  rateios  permitindo, assim, uma precisão maior nos resultados finais.
No entanto, no  que concerne à  estrutura dos  custos unitários e  formação dos  preços de  produtos,  mercadorias e serviços, o  ABC não  difere, na essência, dos  Sistemas Tradicionais uma vez que,  a formação dos preços e a estrutura dos custos seguem parâmetros contábeis legais, aceitos como metodologias científicas, ao longo dos anos, e consagrados pela Ciência Contábil à qual estão vinculados os Sistemas de Custos.

Diante do exposto e, reportando-nos ao título desse artigo, poderiamos perguntar:  Que alternativas de  custeio deveriam as empresas micro, pequenas e médias utilizar, considerando-se o alto investimento e o fato de que as próprias empresas grandes, já não serem unânimes no uso do Custeio ABC e, que, além disso,  soma-se a existência de dúvidas quanto à precisão dos Sistemas Tradicionais, diante de constantes moções com criticas negativas, que surgiram depois da concepção do ABC, sob a falácia de que estariam ultrapassados?

Logicamente, a alternativa, só poderá ser aquela que, em sendo mais econômica, menos complexa e melhor elaborada possa ser uma ferramenta eficaz que possibilite, às empresas, de forma mais simples e econômica, uma eficiente gestão de seus custos, ou seja, a utilização ou o até retorno aos Sistemas Tradicionais que nunca foram, por concepção ineficientes e, tampouco, ultrapassados, mas sim, mal divulgados, mal eleborados e mal executados…

A seguir encontram-se relacionados os principais erros, os mais comuns, na utilização dos Sistemas Tradicionais que, ao longo dos anos, prejudicaram a imagem e lançaram, equivocadamente, suspeitas em relação à suas eficiências:

1.    Definições de critérios de rateios, no MLC, mal elaboradas e incoerentes com a operacionalidade dos centros de custos e dos tipos de custos a serem rateados entre os diversos centros devedores;

2.    Inclusão de  gastos indevidos, no  MLC, onerando  os  Custos Operacionais unitários dos  centros  de   custos;

3.    Desconsiderar na formação do Preço de Venda Calculado (interno), o  fator “participação dos  custos fixos”, bem como, as variações nos volumes de  produção, para mais ou para menos, nos  centros  de custos, tendo como decorrência uma formação de preços instáveis e, assim, tornando inviável uma análise adequada entre Preço Calculado x Preço Praticado (mercado);

4.    Agregar as  Despesas Operacionais Fixas (Custos Administrativos), ao custo por itens, mediante  critérios incoerentes, tais como: utilização da  Receita Operacional ou do  Custo Operacional, como bases de  rateio ou, ainda, utilizar-se das Margens de Contribuição de Cobertura dos Custos Fixos  para tal finalidade;

5.    Contratação de pessoas inábeis, com pouca experiência ou insuficiência de conhecimento para  assuumir a responsabilidade profissional em Custos, diante da carência de especialistas plenamente habilitados no mercado.

6.    Definir Preços de Venda, proceder análises de resultados, projeções de preços, quantidades e lucratividade ou outras análises semelhantes utilizando-se apenas do  Sistema de Custeio por Absorção  ao invés de, paralelamente, utilizar-se do Sistema de Custeio Variável;

7.    Utilização de  sistemas informatizados do tipo “enlatados”, não adequados às necessidades  específicas e a realidade operacional da empresa, sob pretexto de que deram certo em outras organizações;

8.    Utilização precária de programas informatizados para agilização e qualificação de procedimentos.

Quando os Sistemas de Custeio Tradicionais são conduzidos de forma adequada, criteriosa, e isentos, tanto quanto possível, das distorções acima referidas, tornam-se ferramentas eficientes para as empresas, independente do porte que possuam…

É importante, também, enfatizar que, uma vez implantados e ajustados os Sistemas Tradicionais passam a fornecer um padrão  de  informações estáveis, contínuas, condizentes com as  atividades operacionais, possibilitando vincular e manter a identidade custo x produto, dispensando a utilização de um sistema caro, complexo, de difícil controle, operacionalidade, e pouco resultado prático.

Considerando, para finalizar, que a maioria das empresas dependem de Sistemas de Custos que atendam às necessidades de custeio de produtos, mercadorias e serviços, com eficácia, porém de forma menos onerosa e, ainda, com relação ao que se refere o parágrafo anterior é importante ilustrar, mediante o oportuno comentário do Prof. Eliseu Martins, relatado no livro “Contabilidade de Custos”, 6ª. Edição, Editora Atlas, São Paulo onde refere na, página 103, o que segue:

“…Portanto, quando o  objetivo principal do  ABC é custear produtos, um bom sistema “tradicional” de custos, ou seja, bem departamentalizado e com boa separação dos centros de custos, já pode atender, adequadadamente, a estas duas primeiras etapas: identificação e atribuição de custos às atividades relevantes. É possível, até, não haver diferenças significativas entre o ABC e o sistema tradicional até este ponto…”

Autor:
Contador, Administrador, consultor de Custos.
E-mail: markup@markup.srv.br
Porto Alegre, 26/04/2010.

 

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