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O lado negro da informação
As novas tecnologias da informação e da comunicação são celebradas como a nova onda revolucionária
As novas tecnologias da informação e da comunicação são celebradas como a nova onda revolucionária. Ela viabiliza o armazenamento e a troca de informação como: e-mails, mensagens, registro e compartilhamento de fotos vídeos e áudios, além da criação de bancos de dados da nossa própria vida. Essa conectividade e acessibilidade é fabulosa. Trouxe facilidades que a vida pareceria impraticável sem ela - imagine nós, homens das cidades, sem computador e sem internet.
Entretanto, com o que é bom veio algo de ruim. A informação tem o seu lado negro. Assim como os computadores tem cada vez mais dificuldade de processar tantos dados (Big Data) e precisam ter capacidade de processamento aumentada e softwares melhor desenhados, as funções executivas da nossa mente também sofrem.
Por natureza, nossa mente tem a função de operar novas informações e problemas do mundo. Seu papel é compreender, lembrar, solucionar problemas, decidir, planejar, memorizar, criar, inibir, entre outros. Seu tamanho representa apenas 4% do tamanho do cérebro e é a última região desenvolvida evolutivamente, o que denota sua eficiência energética e de processamento ainda pouco desenvolvidos.
Especialistas apontam que o lado negro da informação para o cérebro está na quantidade e na fragmentação. Cada vez que estamos com foco em uma tarefa e somos distraídos por algo (como uma mensagem no celular), em especial se o conteúdo dispara emoções negativas, gastamos considerável energia para retornar no foco da atividade principal. Como a energia mental é escassa, retornamos com empobrecida capacidade de processamento. Segundo pesquisadores, 28% do tempo de trabalho é gasto com interrupções pelo formato da TI, pelo ambiente de trabalho e por características pessoais, o que implica significativo custo financeiro e para a qualidade de vida.
O pensador italiano Franco Berardi diz que essa torrente de informação pode ser tão invasiva e prejudicial para a qualidade do pensamento, até o ponto em que os estímulos não são mais processados criticamente. Entramos em estado de torpor e de escolhas pouco conscientes, na esfera do que ele chama de Neuromagma. Nessa condição, ficamos mais expostos ao pânico e à depressão, afinal, está mais difícil processar saídas.
Nosso desempenho mental afunda e nós não conseguimos simplesmente instalar uma placa maior de memória no cérebro. O que conseguimos fazer é ajustar nossa maneira de lidar com a informação e como organizamos nossa vida no trabalho. Seguem algumas sugestões.
Primeiro, quando você precisar trabalhar focado em uma tarefa desafiadora, elimine todas as distrações externas: desligue o celular, o bip de novos e-mails e outros alertas sonoros; elimine outras possíveis interferências do ambiente de trabalho; se necessário, avise os outros que não pode ser incomodado. Segundo, reconheça e acalme seus ruídos internos, como emoções negativas, utilizando uma ou mais técnicas de mindfulness. Terceiro, deliberadamente, planeje a execução das suas atividades no dia e na semana. Isso possibilita escolher o que fica e o que não fica no seu foco em cada momento, inibindo pensamentos ou temas desnecessários. Quarto, ao invés de ter uma infinidade de meios de comunicação e de entrada de informação, analise, escolha e concentre os inputs e outputs de informação em alguns poucos canais, a fim de facilitar o gerenciamento do fluxo de informação.
Alexandre Romeiro, é psicólogo, mestre pela FGV-EAESP e diretor do Centro
Mindsight. Atua com coaching de executivos e de negócios e é professor da IBE-FGV.
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