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Acesso móvel à web vai ultrapassar rede fixa no fim de 2010

No fim de 2010, o país terá mais usuários de banda larga móvel do que fixa, estima o Yankee Group.

Heloisa Magalhães

No fim de 2010, o país terá mais usuários de banda larga móvel do que fixa, estima o Yankee Group. A procura pelo acesso móvel à internet vem tão aquecida que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) identificou excesso de tráfego, com falhas tanto na transmissão de dados como de voz nas redes da terceira geração da telefonia celular (3G). E está acompanhando de perto o desempenho das operadoras.

A demanda surpreendeu a todos. Tanto a agência reguladora como as próprias teles. O conforto da mobilidade, a ausência de fios, o acesso à internet por meio do telefone ou usando apenas um pequeno modem conectado ao computador são os maiores atrativos. Além disso, há a vantagem de ter banda larga em qualquer lugar, em casa ou na rua, pagando apenas uma assinatura. "[Uma fatia de] 51% dos assinantes de 3G não têm banda larga fixa em casa", informa a diretora da Claro, Fiamma Zarife.

De acordo com o Yankee Group, 20% dos clientes de 3G já são responsáveis por quase um quarto do tráfego das operadoras celulares. São aqueles que acessam a web ou as redes sociais e fazem uso do serviço no dia a dia no trabalho. Em 2013, os acessos de 3G deverão representar 38% do total de celulares no país, com 83 milhões de assinantes, sob uma taxa média de crescimento acumulada anual de 157%, diz o diretor-geral da consultoria no Brasil, Julio Puschel.

Os dados de outubro da Anatel contabilizaram em uso 168 milhões de acessos celulares no país, sendo que 7 milhões eram de clientes de serviço 3G e mais de um terço, cerca de 2,4 milhões, eram terminais de dados. A rede 3G já atende a 63% da população brasileira e, de acordo com a agência, boa parte das operadoras está se antecipando às exigências fixadas pelo órgão regulador e ampliando a área física de atuação. A questão em avaliação é a eficiência da infraestrutura da rede.

Até o primeiro semestre, o marketing de algumas teles celulares foi forte, com ênfase na banda larga móvel. Na segunda metade do ano houve um certo pé no freio. Como as adesões cresceram rapidamente, começaram as reclamações. A Anatel, então, chamou as operadoras para cobrar melhor desempenho.

Na avaliação da agência não houve culpados. A constatação foi de que a demanda ficou fora dos parâmetros mundiais. O brasileiro está entre os que mais usam o computador, disse em entrevista recente o superintendente de serviços privados da Anatel, Jarbas Valente. Mas a agência continua de olho e pode até não autorizar a venda de pacotes para este Natal.

pPara a Oi, entretanto existem culpados pelo cenário. O diretor de mercado da companhia, João Silveira, diz que foram as operadoras de telefonia celular que erraram ao prometer ao consumidor um serviço que não tem as caracteristicas necessárias para substituir a banda larga via rede fixa, daí as "frustrações" e "reclamações".

Ele diz que o usuário busca o serviço atraído pela mobilidade e quando liga o computador descobre que nem sempre vai ter as condições técnicas necessárias para fazer download de vídeos ou arquivos mais pesados.

Para o consultor do site Teleco, Eduardo Tude, o posicionamento da Oi é conversa de empresa que quer estimular o uso da chamada ADSL, a banda larga via cabo telefônico, um dos carros-chefe da companhia. Tude lembra que apesar das facilidades da banda larga móvel, a fixa ainda tem falhas de cobertura inclusive nas grandes cidades.

"O crescimento exponencial de tráfego acontece aqui e no exterior. Por isso mesmo, tanto a banda larga móvel como a fixa vão ter que fazer muito investimento para atender à demanda do consumidor. No exterior, as teles estão investindo em fibra óptica na interconexões entre as estações radiobase", informa.

Para o presidente da Vivo, Roberto Lima, o crescimento acelerado não é surpresa. Ele diz que o país tem demanda reprimida por banda larga e que a adesão só não é maior porque o serviço é tributado como sendo de luxo. Os impostos incidem quase 45% sobre a fatura, percentual semelhante ao do perfume e do cigarro.

A Vivo foi a última empresa a iniciar os investimentos em 3G e tem hoje a maior cobertura do país: 559 municípios. Mas, lembra Lima, a questão é mais complexa: "Não basta construir a rodovia dos Bandeirantes com quatro pistas que na véspera de um feriado de sol vai ter congestionamento", compara.

Para ele, a procura vem sendo grande e há usuários que demandam muita capacidade da rede. Por isso mesmo, afirma, "tanto o governo quanto as empresas precisam esclarecer à opinião pública que a questão do espectro é vital". Para Lima, devem ser oferecidas às operadoras mais faixas de frequência, hoje ocupadas por outros serviços. As operadoras têm interesse nas frequências para 4G, hoje ocupadas pela TV por microondas, e querem também participar da licitação de banda H, cuja disputa a Anatel quer privilegiar novos investidores.

oLima é um dos que defendem o uso compartilhado de redes pelas operadoras, como vem sendo apregoado pela Anatel. A agência defende o uso compartilhado para reduzir os investimentos e criar condições para que as facilidades do 3G estejam disponíveis em todo o país até 2013, dois anos antes do prazo fixado pelo órgão regulador.

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