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Como enfrentar crises de credibilidade
Quando grandes empresas passam por abalos em sua imagem, profissional deve preparar ‘plano de ação’ para decidir futuro da carreira
Você enviou currículo, participou de dinâmicas de grupo, baterias de testes e entrevistas para ingressar em uma grande empresa. Meses depois, essa companhia aparece envolvida em um escândalo e tem a credibilidade abalada. O que fazer quando o emprego dos sonhos fica ameaçado? Consultores e profissionais que já passaram por essa situação dizem que a primeira medida é evitar qualquer atitude precipitada.
Um exemplo de empresa que acabou por desaparecer depois de uma crise de credibilidade é a consultoria Arthur Andersen. A companhia era uma das cinco maiores do segmento no País em 2002, quando estourou o escândalo da Enron nos EUA - meses depois, teve a clientela no Brasil fatiada entre concorrentes. No ano passado, o Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos, foi alvo de fraudes que resultaram em um rombo de R$ 2,5 bilhões - o que acabou respingando também na Deloitte, que auditava as contas do banco.
Se a primeira recomendação é não entrar em pânico, a segunda é evitar a letargia - é preciso traçar um plano de ação. O profissional deve fazer uma avaliação honesta de sua experiência na companhia. Segundo Marcelo Cuellar, da divisão de recursos humanos da Michael Page, se a falha ética não puder ser ignorada, é hora de preparar a saída. "É sempre preciso justificar a razão pela qual se trabalha em determinado lugar", diz.
Há casos de executivos que decidem permanecer na empresa que passa por uma crise de credibilidade. "Eu conheço profissionais da BP (British Petroleum) que continuam a confiar na companhia, apesar do que aconteceu no Golfo do México", diz o especialista, referindo-se ao maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Porém, a escolha de ficar também oferece riscos - caso o dano à imagem seja irreparável, a empresa pode fechar as portas. Mesmo em casos extremos, segundo Cuellar, há quem consiga extrair algo positivo: "Atendi o caso de um executivo que ficou no Banco Santos até a venda de todos os bens. Hoje, ele tem uma experiência rara: comandou o encerramento de uma empresa."
Na hora de buscar um novo trabalho, porém, é preciso tomar cuidado para não exagerar a importância dos problemas do antigo (ou atual) empregador. Para Alexandre Fialho, presidente da divisão de consultoria da Korn/Ferry na América Latina, deve-se mencionar o tema de forma sucinta em entrevistas. "O profissional deve evitar a fofoca de bastidor e se concentrar no que pretende fazer no futuro."
Fernando Lohmann, sócio e consultor da Fesa, diz que a melhor medida contra qualquer sobressalto é manter a rede de relacionamentos ativa. Ele aconselha o uso do horário de almoço para a apuração de possíveis oportunidades. "Vale trocar o churrasco com amigos para construir relações que possam ajudar na profissão."
Na pele. Quem enfrentou uma crise afirma que a experiência é dura, mas não representa o fim da carreira. Após 40 anos na Arthur Andersen, Taiki Hirashima viu a empresa "se desmanchar como um castelo de areia". E pior: ao contrário dos profissionais mais jovens, não foi convidado a permanecer quando a maioria das contas foi assumida pela Deloitte. "Passei um ano perdido, sem saber o que fazer."
Em 2003, abriu a própria consultoria - Hirashima & Associados -, com cinco ex-colegas. O negócio cresceu, hoje tem 25 profissionais e atende empresas como Itaú, BB e Caixa. No corpo de sócios está a advogada Luciana Moya, também oriunda da Arthur Andersen. Ela atuava como consultora havia um ano na época do escândalo da Enron. Ao contrário de Hirashima, migrou para a Deloitte para adquirir experiência e ficou lá por alguns anos. "Estava no início da carreira. Esperei a poeira baixar."
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